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FORA DO RIFT: PRODELTA

Conheça a história de Fábio Luís, um jogador dedicado e um líder altruísta

Referencial urbano na cidade de Belo Horizonte, a Avenida Afonso Pena abriga uma das maiores tradições da capital mineira: a Feira Hippie. Fonte de cultura e lazer para os moradores locais e atração automática para turistas, o evento, focado no artesanato, simboliza mais de 50 anos de história de BH. É sinônimo de domingo e parte integrante da trajetória de um garoto que, com menos da metade dessa idade, tem sonhos que vão para muito além dos limites de um só município.

Fábio Luis Bezerra Marques é nascido e criado em Belo Horizonte. Foi na cidade que deu seus primeiros passos - literal e figurativamente - para se tornar ProDelta, jogador profissional de League of Legends e, atualmente, Suporte da Vivo Keyd Stars. Se hoje veste uma das camisas com mais história do cenário competitivo nacional, foi porque, há duas décadas, tantas outras camisas e peças de roupa forjaram sua trajetória. 

Junto da irmã, Isabela, Fábio se recorda com carinho da infância em Belo Horizonte. Na capital mineira, cresceu em uma casa sob os cuidados da avó, Zélia, e dos pais, Jefferson e Ana Cristina - donos de uma loja de roupas, presente na já citada Feira Hippie e também na Feira Shop, outro centro comercial de destaque na cidade. 

"O quarto que eu e minha irmã dividíamos virou um depósito, onde meus pais guardavam as roupas, e nós fomos meio que morar com meus avós, na casa da frente. Era uma casa pequena, mas eu me lembro como um lugar de conforto, de família. BH é um lugar tranquilo", recorda.

Antes dos Esports, os esportes já eram parte de sua identidade. Do pai, Fábio herdou o gosto pela competição e a paixão pelo Clube Atlético Mineiro. Fã de futebol, frequentou, quando mais novo, alguns jogos do Galo no Estádio Independência. O League of Legends surgiu depois, dominou o espaço e se transformou em um prazo estabelecido pela mãe: seis meses, após a conclusão do Ensino Médio, para provar de forma efetiva que aquilo era, de fato, uma profissão.

"Fui jogar num time do Tier 3 e parcelei um computador em sei lá quantas vezes. Minha mãe queria que eu fosse fazer faculdade. No começo foi bem difícil, mas depois que eu ganhei o Academy, eles começaram a entender que, sim, era possível. Eu era bom aluno, fã de Exatas, ajudava o pessoal com matemática, mas nunca me vi fazendo outra coisa fora da competição", explica. 

Focado em viver o presente, sem grandes vislumbres de quais serão os próximos passos depois da vida como pro player, ProDelta hoje busca manter uma rotina de atleta. Sono regrado, alimentação controlada, atividades físicas diárias. A saudade do pão de queijo, do frango com batata frita e do fricassê feito pela avó se transformaram em disciplina na busca pelos próprios objetivos.

No pouco tempo livre, consome séries esportivas: cita Break Point (sobre tênis), Arremesso Final (sobre a carreira do astro do basquete, Michael Jordan) e Dirigir para Viver (sobre Fórmula 1) como algumas das favoritas. Em São Paulo, divide lar com Disamis, parceiro de time na Vivo Keyd Stars, e rota, dentro de Summoner's Rift, com Smiley. A boa relação com o Atirador sueco, aliás, foi construída de forma peculiar.

"Não foi fácil no começo. Nós dois nós temos personalidades parecidas, odiamos briga e discussões. Quando acontecia algo, eu ia pro meu canto, ele ia pro canto dele, e era tipo um elefante na sala gigantesco. Ninguém falava nada. Aí o SeeEl resolveu isso", conta.

Christopher "SeeEl" Lee, técnico da Vivo Keyd Stars, em poucos meses de Brasil se notabilizou pelo método extremamente profissional na gestão de pessoas. Perspicaz, enxergou na situação entre Atirador e Suporte uma oportunidade no que poderia ser um problema de relacionamento de sua rota inferior.

"Ele chamou a gente e falou: 'Vamos resolver isso'. Colocou nós dois dentro de uma sala e disse: 'Vocês vão discutir tudo o que vocês têm pra discutir todo dia. Eu não ligo se vocês vão brigar, se vocês vão cancelar treino, mas vocês têm que estar na mesma página. Vocês têm que entender como o outro joga, o que o outro pensa, o que o outro gosta de comer, o que o cara gosta de fazer, se ele vai na academia. Vocês têm que virar amigos, porque vocês não podem jogar juntos e se comportarem como dois estranhos'. E foi ali que viramos amigos", revelou.

Com o treinador, também entendeu melhor a controlar as próprias emoções e explorar o lado psicológico como uma virtude, e não uma fraqueza. Do relacionamento à distância com a namorada, Gabriela, de Blumenau (Santa Catarina), às lembranças difíceis dos momentos de "quase" na carreira profissional, Fábio teve a ajuda do psicólogo José Anibal, o Zé, para catalisar na VKS o próprio potencial. 

"O Zé me mostrou que a vida de jogador é meio injusta. Você perde muito mais do que ganha, você fica muito mais triste do que feliz. E o SeeEl sempre me fala que eu sou o líder do time, e que, sim, é uma posição injusta, mas não é algo que você escolhe. Você sempre tem que ser o cara cabeça, você nunca pode estar puto, você nunca pode brigar. Você que tem que comandar o astral da galera. Nem todo líder quer ser líder, mas acaba sendo. Tem que saber lidar", admite.

Há um ano, no Recife, ProDelta vestia a camisa da paiN Gaming, adversária deste sábado na luta pelo seu sonhado título brasileiro de League of Legends. Da experiência de ter sido derrotado naquela Grande Final diante de 10 mil pessoas no Ginásio Geraldo Magalhães, guardou a lição de que "a pior sensação é a de que dava para ter feito melhor". E esse é o objetivo no Mineirinho: entregar tudo.

Resguardado pelas orações da mãe, Ana Cristina, e pela carinhosa lembrança póstuma de Dedé - prima do avô, a quem considera sua "segunda mãe", ProDelta subirá a um dos maiores palcos esportivos de Minas Gerais com a convicção de quem abre as portas de casa e sente a tranquilidade que só o lar pode proporcionar. Para descer dele sem arrependimentos.

"Eu sou um cara dedicado. Sempre tento fazer o melhor para todo mundo. Quero ver os outros felizes. E quando você se dedica ao máximo, tudo vale a pena", finaliza.

Da casa dos pais, no bairro da Esplanada, às arquibancadas do Mineirinho e a centenas de casas espalhadas pelo Brasil, Fábio Luís tem neste sábado a capacidade de fazer muita gente feliz. Com a mesma certeza do seu escritor e conterrâneo mineiro, Fernando Sabino, cuja célebre frase abaixo parece perfeita para ProDelta.

"No fim dá certo. Se não deu, é porque ainda não chegou ao fim".

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