São 10h10 do dia 7 de setembro de 2024. A paiN Gaming chega ao Ginásio do Mineirinho para disputar a sua sexta final consecutiva do CBLOL. Como já é de praxe, é recebida por uma multidão de torcedores, que acompanha a equipe, tal qual narra a música de arquibancada, “onde ela estiver”. O objetivo não pode ser diferente: os Tradicionais precisam do título.
Na chegada, quase nenhuma interação com a torcida. Eles estavam concentrados. Descem da van e saem direto para o vestiário. É hora de colocar em prática toda a preparação das últimas semanas e exorcizar os pesadelos recentes. Neste texto, vamos abordar, passo a passo, o caminho rumo ao tetracampeonato de uma organização que está no CBLOL desde sua primeira edição. Sinta-se dentro da ready room!
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Um início calmo
As primeiras movimentações no vestiário são mais leves. O local dispunha de cinco posições de jogo, onde eles haviam treinado ao longo da semana, além de um outro computador, no canto oposto, com duas cadeiras para os treinadores. Um pouco mais ao lado, um pequeno sofá para descanso, encostado em um bonito pôster com os cinco finalistas. Os jogadores entram e começam a conversar. O técnico Xero, por outro lado, senta no computador e analisa, sozinho, as primeiras ideias de Draft.
Dez minutos se passaram desde a chegada ao Ginásio. dyNquedo faz o primeiro comentário mais alto e elogia o uniforme que estavam usando naquela tarde. Em Belo Horizonte, a temperatura máxima marcava 31ºC. “Esse tecido é muito melhor, né?”, disse, comparando com a camisa que usaram nos dias anteriores. Na sequência, TitaN, que havia ficado do lado de fora para uma gravação, entra. “Tá gelado aqui? Nossa, que maravilha”. Amenidades.
Sem muito tempo para pausa, a repórter Rafaela Tomasi chega para gravar com o Atirador. Ele pega o celular, arruma o cabelo e parece animado pra falar. No fundo, Cariok e dyNquedo conversam sobre algumas táticas, e TitaN pede para eles tomarem cuidado para que nada vaze na gravação, que iria ao ar ainda ao longo do Lobby CBLOL.
Nesse momento, Wizer e Kuri estão sentados em cantos opostos, mexendo em seus celulares. Sarkis fica no meio da sala, concentrado, e Xero segue no computador. No vestiário neste momento ainda estavam Fernanda, a manager do time, o cinegrafista Matheus, além de Thomas Hamence, CEO da paiN.
É Thomas quem chama e interage com Xero pela primeira vez, às 10h25. “Está feito”, avisa. Um membro da equipe estava indo para uma cafeteria, buscar um café específico que é adorado pelo treinador. Os jogadores também pedem alguns copos, mas logo percebem que uma pessoa só não conseguiria trazer a bebida para todo mundo. “Relaxa, eu faço o Pix, pô”, oferece Cariok ainda sem perceber o motivo, fazendo todos caírem na risada. Mal sabiam eles o que estava por vir.
Kami, bicampeão do CBLOL pela organização, entra na sala três minutos mais tarde. O time segue dispersado, com alguns jogadores conversando sobre LoL, mas nada aponta para qualquer ponto mais assertivo. Xero, antes sentado no computador, começa a andar de um lado para o outro. É neste momento que começa a transparecer o quanto o café seria importante para eles nessa tarde.
Às 10h30, começa a conversa sobre Draft e táticas. Sarkis comanda a ação no computador. Xero observa de lado, pega um caderninho e faz algumas pequenas anotações, mas não interfere. Thomas, que parece ser quem tem mais intimidade com o treinador, tenta tranquilizá-lo. Fala com ele algumas vezes e diz que o café deve chegar em breve.
No computador, Sarkis passa algumas orientações pessoais aos jogadores. Direciona a conversa sobre o que eles podem esperar dos adversários nas suas respectivas rotas de forma individual, chamando cada um para um papo específico.
Do outro lado da sala, Kami não participa da conversa. Ele está sentado em um canto, às vezes mexendo no celular e em outros momentos apenas observando, e não dirige nenhuma palavra sobre a estratégia. Fica claro que a função dele ali é muito mais para incentivar e participar desse momento do que de trazer qualquer tática para a equipe.
Conversa vai, conversa vem, e Xero segue tenso. Ele procura uma cadeira, mas acha apenas uma sobrando, com uma mochila em cima. Fica meio incomodado, tira ela e senta. Segue focado apenas no seu caderninho, olhando o que tem escrito e adicionando algumas anotações. Pouco tempo depois, Thomas chama o técnico e eles saem juntos da sala.
Movendo o mundo pelo café
O relógio já marca 10h50 quando ambos retornam. Xero em silêncio, enquanto Thomas agita um pouco as mãos e chega a derrubar o seu telefone. “Parece que a cafeteria está fechada. Estamos ferrados”, exclama, em tom de reclamação.
O membro da organização ainda não havia chegado ao local, mas eles tentavam contato para adiantar o pedido e não recebiam nenhum retorno. No mesmo momento, Kami olha para a tela do celular e encara a data. É 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil, e todos assumem que a loja não estava funcionando por conta do feriado.
Tenso, Thomas se dirige ao grupo, perguntando o que eles faziam naquele momento. Com personalidade oposta e sempre relaxado, Sarkis responde de imediato: “A preparação”. A partir deste ponto, o CEO parecia destinado a fazer o que fosse necessário para conseguir esse café para a equipe e, principalmente, Xero.
Wizer chama o treinador e começa a discutir alto em coreano, fazendo Xero entrar na conversa pela primeira vez. Parece ser algo importante dado o tom e a intensidade das falas, mas este que vos escreve, obviamente, não entende absolutamente nada. dyNquedo e Sarkis comentam no canto sobre outra coisa, enquanto Thomas também sussurra na sala. O barulho aumenta consideravelmente.
Assim que o silêncio retorna, eles têm a confirmação de que a cafeteria estava realmente fechada. “Então f…, basicamente?”, diz Thomas. E olha para Xero, mostrando uma garrafa térmica com café preto filtrado disponível em uma mesa no canto da sala, indicando que aquela seria a bebida do treinador nesta tarde. Incrédulo, o técnico esboça uma risada irônica. “Sério?” responde, percebendo que provavelmente não teria a sua bebida mágica.
Preocupado com o café, Thomas pergunta para Fernanda se ela tem alguma novidade e tenta trazer uma solução. “Tem em Contagem”, ele diz, vendo uma mensagem. “E Confins?” sugere Kami. Na chegada a Belo Horizonte, a primeira coisa que os jogadores da paiN fizeram ao desembarcar, antes mesmo de buscar as malas, foi justamente pegar uma bebida da mesma cafeteria no aeroporto.
“Eu tô mandando um taxista para lá”, diz Thomas em voz alta, enquanto fala com alguém no telefone, ainda pensando no que poderia fazer. Neste momento, Kami vira para mim, no canto do vestiário, e diz, sorrindo: “O que a gente não faz pra ganhar, né?”. Eles estão mesmo dispostos a tentar de tudo pelo título.
Nesse momento, existiam duas dúvidas sobre a cafeteria. A primeira era se ela seria acessível por alguém que não está embarcando ou desembarcando no aeroporto. A outra, mais simples. Será que estaria aberta, devido ao feriado?
“Compensa tentar ligar para descobrir?” pergunta Kami. “Tenta. A gente tem que tentar”, responde Thomas. O ex-jogador não consegue contato e lamenta, pouco depois, afirmando que aquele não era um bom sinal.
O assunto no vestiário segue sendo quase que exclusivamente o café. Toda a staff, neste momento ainda composta por Fernanda, Thomas e Kami, tenta solucionar o problema. No computador, Xero e Sarkis simulam cenários de Draft e discutem eles com os jogadores.
Eles analisam a distância até o aeroporto de Confins e se preocupam. O aeroporto fica ao norte da cidade de Belo Horizonte, a uma distância de mais ou menos uma hora de carro. Considerando alguém que está em BH, o trajeto dobra de tempo pela ida e volta.
“Será que tem algum torcedor no aeroporto vindo para o Mineirinho?”, sugere o CEO, pensando em todas as possibilidades. Thomas interrompe a conversa de estratégia do time e diz ao treinador que o café demoraria duas horas para chegar. “Ainda quer?”, pergunta. O técnico pensa e faz uma cara de preocupado, analisando o horário. “É muita coisa, não?”, responde. Mas todos do time insistem.
Thomas e Kami decidem ir buscar o café pessoalmente. “Vamos ficar duas horas fora, mas paciência”, explicam. A equipe tem uma van à disposição, e opta por ir com ela até o aeroporto. Os jogadores escutam e se divertem sobre o assunto.
“Tenho que ir, né? Talvez seja esse o meu papel aqui no final de tudo”, brinca Thomas. “É pra isso que você tá aqui”, responde Dynquedo, fazendo o CEO concordar, entre risos. “É isso. A gente vem na van torcendo, curtindo, e lógico que já tomando um pouco do café também”, finaliza.
Às 11h15, Kami e Thomas não conversam mais com o time e simplesmente saem da sala e vão para a van. O café parecia mais importante do que uma mínima palavra de motivação, já que provavelmente eles não voltariam antes do início do primeiro jogo.
Os passos finais
O tempo passa, Xero segue simulando Drafts e conversando com os jogadores. Sarkis assume outro papel e faz massagem em Cariok pra tentar aliviar um pouco o clima. O Ginásio começa a ficar nitidamente mais cheio e movimentado, e, de dentro do vestiário, é possível ouvir um alto canto da torcida no vestiário, mas que parece não mexer muito com os jogadores.
“É pra entrar no palco ao meio-dia?” pergunta TitaN. Fernanda explica que eles têm duas opções, mas que a melhor era a de se dirigir ao palco nesse horário para realizar o Tech Check, e Xero concorda. Sarkis tenta entender o protocolo certo que eles têm que seguir.
Os jogadores começam a se separar e vão ao banheiro em turnos diferentes. Primeiro, Cariok e Dynquedo saem. Na sequência, TitaN e Kuri seguem. Wizer e Xero ficam sozinhos no vestiário e conversam mais um pouco sobre o Draft.
A cerca de uma hora e meia do início, o clima passa a ser bem leve no vestiário. A torcida começa a fazer ainda mais barulho, e isso movimenta um pouco os jogadores. “Tem que ver se vai sobrar voz até o final da série”, diz Cariok, exaltando o jeito que eles estão cantando e sendo rapidamente repreendido por dyNquedo: “relaxa, vai ser uma série rápida”.
Chega o horário do almoço e Fernanda sugere que, aqueles a fim de se alimentarem antes das partidas, façam a refeição. Todos saem do vestiário rumo ao refeitório do Mineirinho, onde funcionários e equipes tinham um buffet à disposição. No caminho, eles passam no meio do ginásio, e dyNquedo para pra tirar uma foto com um torcedor. Na sequência, ao atravessar o mezanino acima das instalações da loja oficial do evento, são exaltados pela torcida.
Ao meio dia, a transmissão do Lobby CBLOL começa. Todos já estão reunidos no vestiário, mas ninguém presta atenção no que é dito. A TV do local não está ligada. O silêncio de outrora, no entanto, já não existe mais. Além do barulho alto que vem da transmissão e do próprio ginásio, os jogadores se reúnem com os técnicos para falarem mais de estratégia, e a sala está com muito mais membros da staff, que discutem diferentes assuntos.
Pouco depois, um membro da produção do CBLOL entra na sala e lembra os jogadores dos últimos passos da Cerimônia de Abertura, introduzindo a pessoa que irá guiá-los sobre o palco. Neste momento, o barulho da arena parece realmente assustador. Quando o som da transmissão está alto, toda a estrutura do vestiário vibra e fica difícil de escutar uns aos outros. Assim que a conversa acaba, eles seguem para o Tech Check nos computadores. Restava menos de uma hora para a decisão.
Os primeiros jogadores começam a retornar a partir das 12h23. Kuri é o primeiro a entrar, com TitaN na sequência, enquanto Wizer e dyNquedo fecham a fila. Mais uma vez, eles se dirigem em turnos ao banheiro, naquela que seria a última oportunidade de usar o sanitário antes do início da série.
O clima agora parece estar leve. Exceção feita a Xero, que segue mais tenso: “Podemos começar agora?”, sugere o treinador, puxando uma conversa com dyNquedo, que prontamente questiona se ele estava se referindo sobre a série. “Sim, eu quero”, completa, e todos concordam com ele.
Uma hora e meia se passou desde que Kami e Thomas saíram. Não tivemos notícias deles, e o café não foi mais um assunto na sala, mas Xero parece impaciente. Neste exato momento, Kami entra na sala, sem portar nenhuma bebida. Ele acabou não indo para o aeroporto já que tinha alguns compromissos para cumprir no Ginásio. Descobrimos que era uma missão solitária de Thomas.
Faltando dez minutos para o início da série, todos se reúnem. É hora de fazer o último discurso motivacional e puxar o grito de guerra.
No início, Xero comanda o papo na roda. Os jogadores fazem algumas piadas e o clima fica bastante descontraído. Toda a staff se junta com o time e grava o momento enquanto eles se preparam. E aí, Dynquedo puxa o grito:
“Meus amigos, todo mundo está nervoso. A gente, os casters, os cantores. É normal. Eles só não podem querer mais isso aqui do que a gente. Eu quero pedir duas coisas pra vocês hoje, que são as únicas que podemos controlar: vamos fazer o nosso melhor e aproveitar o momento. Estamos aqui uns para os outros”. Todos se empolgam e, juntos, gritam:
“1, 2, 3, GO PAIN!”
Começa o primeiro jogo da série. A paiN inicia com tudo. Thomas está de volta da sua missão no aeroporto - completa com êxito. Xero tem o seu café e assiste à partida, relaxado, entre um gole e outro. Ele se senta com Sarkis e ambos discutem fervorosamente o jogo. Alguns passos atrás na sala, o CEO e Kami têm um papo particular, e o ex-jogador lamenta uma decisão tomada pela equipe.
Aos 33 minutos de jogo, vem o ace derradeiro, que acelera a primeira vitória para a paiN, seguida por um alívio na sala, que não dura muito tempo, já que os jogadores começam a entrar. Quietos, vão direto para falar com Xero, e todos se reúnem concentrados escutando o que o técnico tem a dizer.
No início, a discussão gira em torno de dyNquedo e, na sequência, Xero lamenta o pickoff sofrido por TitaN na rota do meio, que atrasou um pouco a vitória da paiN. Pouco tempo depois, Fernanda entra com a notícia de que a Vivo Keyd Stars escolheu o lado azul para o segundo jogo.
Alguns minutos se passam, Xero termina de falar e pergunta se todos os jogadores estão de acordo com a estratégia definida. Ele então levanta, pega o seu copo de café e sai da sala. Agora é Sarkis quem comanda a conversa e revisa os detalhes do último jogo.
Faltando três minutos, todos saem rumo ao banheiro. Kuri e Sarkis conversam por um tempo antes de passarem pela porta, mas vão na sequência. Xero então volta para a sala, sozinho, e anda de um lado para o outro, muito pensativo. Ele procura a sua caneta para fazer novas anotações. Quando os jogadores voltam, um único conselho: “Vocês não precisam pensar tanto. Estamos muito preparados”.
Jogo 2
Assim que termina a Seleção de Campeões, Xero retorna e, apressado, quase entra com o fone no vestiário. Ele vai direto para a TV e fica grudado assistindo, enquanto a paiN prepara uma jogada de nível 1, que termina com um abate para eles.
“Nice!” grita Kami, perguntando de quem foi a ideia. “Cacá”, responde o treinador, enquanto sai do vestiário, em um misto de nervosismo e orgulho.
O tempo passa, e o jogo segue absolutamente equilibrado, mas o clima dentro da sala é de frustração com algumas lutas. “P…, olha a vida dos caras”, grita Thomas aos 23 minutos, depois de uma luta quase bem sucedida para a paiN.
“O Maokai tá sendo muito problemático, não?”, completa o CEO, questionando a escolha de Caçador da Vivo Keyd Stars. “Não dá pra deixar assim. Eles baniram red side? A gente não consegue pegar, se necessário?” pergunta, prontamente respondido por Sarkis: “Se necessário, sim”.
No mesmo momento, vem a luta que a paiN buscava. “BOA WIZER!”, grita Sarkis, seguido por um grito ainda mais impulsionado de Thomas: “BOA WIZER, C…!”, que sai da frente do computador gritando e aplaudindo.
Vitória. Xero e Thomas saem rápido da sala, Sarkis fica por um tempo e depois espera os jogadores na porta. No áudio que vem da TV, com a comunicação, é possível ouvir a êxtase dos jogadores da paiN, comemorando muito ainda no palco.
TitaN é o primeiro a entrar. “C…, minha call foi insana. Quero ver, quero ver”, e sai correndo para o computador. Os jogadores conversam enquanto estão sozinhos e o Atirador se dirige a dyNquedo e cumprimenta o Midlaner. A felicidade está espalhada. Nesse momento, a paiN tem a vantagem de 2 a 0 no placar e precisa de apenas mais uma vitória para conquistar o título do CBLOL.
Xero volta depois de um minuto, senta direto no computador e passa a mexer freneticamente no VOD do jogo. Ele mostra alguns pontos que gostaria de chamar a atenção do time, e todos se concentram ao redor do técnico.
Não demora muito para começar o show do cantor Djonga, atração principal do Halftime Show. A sala treme sem parar pelo som, mas os jogadores da paiN seguem absolutamente concentrados na conversa sobre o jogo. Nada é escutado pela TV, mas é possível literalmente sentir a apresentação pela vibração das paredes.
Um minuto depois, Fernanda volta com a informação do Lado Vermelho para a VKS. Esse vira o assunto, e eles seguem falando sobre o próximo jogo. A apresentação fica de lado, e o foco do elenco é evidente. O título é a única coisa que importa para a paiN.
Depois do show, um ajuste final de Xero. “Tá bom?”, pergunta. “Tá”, respondem os jogadores, saindo para o Draft da terceira partida. “Ai, guys… Tô sentindo”, diz extasiado TitaN, se referindo à possibilidade de conquistar o título.
Jogo 3
O jogo começa desesperadamente mal para a paiN. No placar de abates, 7 a 0 para a Vivo Keyd Stars. Logo de cara, tudo parece perdido, mas o time segue lutando e tentando aproveitar as brechas dadas pelos adversários. “Eles têm que lutar nesse momento”, diz Sarkis para Thomas.
A paiN já havia diminuído a vantagem adversária, mas o bom início dos Guerreiros colocou eles à frente na luta pelos Dragões. “O que vai decidir é essa alma deles”, complementa o técnico, fazendo o CEO questionar se a Alma é tão decisiva assim para o jogo ou se mais uma luta boa da paiN pode colocar eles no comando do jogo. Sem muito tempo de análise, a Keyd parte para o Barão, aos 21 minutos. “Agora vai dar uma azedada”, lamenta o CEO.
A tensão é pulsante na sala. Sarkis e Xero analisam o Draft no computador. Thomas, Sharis e Fernanda ficam vidrados na televisão. “Tem certeza que o late é nosso?”, pergunta Thomas. “É”, responde Sarkis, certo da própria afirmação.
34 minutos de jogo e uma luta anima o vestiário. “É agora”, diz Thomas. O primeiro abate veio. “VAMOS”, grita. O segundo: “VAMOS”. A partir daí, foi impossível conter a euforia. Pelas frestas do vestiário, era possível ouvir o Ginásio do Mineirinho em uníssono: “TRA-DI-ÇÃO”. Parecia certo que a paiN Gaming seria tetracampeã do CBLOL neste momento.
Do outro lado, no entanto, havia um time pra lá de guerreiro. A Keyd segura um push da paiN, e a sala volta a ficar tensa. Com mais uma boa luta, a VKS busca um ace, destrói a base adversária e diminui a série.
Na volta do vestiário, um misto contraditório de frustração e confiança. Kuri senta na frente do computador, e TitaN analisa uma luta com ele. “Era só eu ter ultado”, lamenta. “Os caras tiveram que lutar muito pra ganhar da gente, e foi só porque a gente errou”, diz Sarkis em tom alto, para todos escutarem.
Sonho adiado. Mas não por muito tempo. E começa a preparação para o Jogo 4.
Nesse momento, o time tenta entender qual seria a prioridade deles no Draft. A primeira possibilidade foi a de um First Pick para a Tristana de dyNquedo, sem maiores resoluções. Na sequência, Xero reflete sobre a decisão que precisa tomar: “Você quer Blue Side?” pergunta para Cariok. E eles confirmam o Lado Azul para a quarta partida.
“Pessoal, vamos fazer a mesma coisa”, grita Wizer do canto, sendo apoiado por TitaN, que afirma que eles não devem mudar a estratégia apenas por um jogo que deu errado. Na sequência, o Atirador pergunta a opinião de Kuri. “Eu gosto de ouvir você falar. Vamos enfrentar a Kalista ou não? Já estamos no Lado Azul”, comenta.
O Suporte não sabe o que fazer. TitaN o pressiona. “É escolha nossa, você sabe. Ganhamos na bot lane”, diz. “Vamos fazer a mesma coisa”, termina levantando a voz para o resto da equipe.
Os jogadores se reúnem na frente do computador. “Temos dois minutos”, exclama Fernanda. Eles decidem os detalhes finais e se dirigem ao palco. Apesar do discurso de TitaN, parece que a escolha foi justamente por não enfrentar a Kalista, e a paiN bane a Campeã logo de cara no Draft.
Jogo 4
E que escolha. Aos 5 minutos, Double Kill para TitaN com seu Ezreal, trazendo a euforia mais uma vez para o local.
Xero e Sarkis ficam na frente do computador, e Thomas, que antes era apenas mais verbal, agora se aproxima também e fica centrado no jogo atrás dos treinadores. Pouco tempo depois, Kami se junta a eles mais uma vez.
Eles observam fixamente a partida, que se encaminha de forma unilateral para a paiN. Aos 24 minutos, um abate em cima de Disamis traz o ânimo necessário.
Xero sai da sala, meio em dúvida. Ele volta na sequência, e a paiN está no push final. “Vamos que dá”, gritam. A primeira torre da base cai. Xero já sabe o que irá acontecer e se levanta para abraçar Thomas. O olhar de admiração do CEO para o treinador é evidente.
“Nós conseguimos”, dizem aliviados, enquanto seguem com os braços entrelaçados em um abraço que parece durar a eternidade de seis finais consecutivas. O pesadelo acabou.
Eles são tetracampeões do CBLOL. Assim como o Brasil, há 202 anos, a paiN Gaming se liberta no dia 7 de setembro. A Tradição está de volta, após nove anos, ao Mundial de League of Legends.