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Fora do Rift: CarioK, aquele que representa

Mais do que o CarioK: conheça o "Nem" e o Marcos Santos de Oliveira Júnior

O calor do Sol queima as peles daqueles que correm, e o vento transmite os gritos em comemoração: é gol! Não tem momento maior, não quando se está no Brasil. Essa cena se repete, semana a semana, dos estádios lotados ao futebol de rua que a criançada joga. Em Belford Roxo, cidade da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, Marcos Santos de Oliveira Júnior foi um desses jogadores. Passou a infância correndo nas ruas perto de casa, jogando bola com os amigos, torcendo pelo Flamengo, e se divertindo na escola quando o clube ganhava - mas sabendo que, quando perdia, não tinha jeito: era ouvir as provocações dos rivais também. Veja bem, não tinha *nick* mais apropriado do que CarioK. Em poucas linhas, a história de Marcos representa a de tantos outros jovens do Rio, capital ou interior. E *representar* é algo que ele sente na pele. Que abraçou para si, entendendo seu lugar no mundo e principalmente o que pode fazer a partir dele, não só por si, mas para inúmeros outros. “Me enxergo como uma pessoa negra. Eu sempre me considerei negro. [...] Me considero e gosto de ser, gosto de representar. Lembro que antigamente eu não sabia muito bem o significado da palavra representatividade. Teve uma matéria, não lembro de quem foi, quando eu fui para o Prêmio CBLOL, comigo e com o fNb falando sobre representatividade. Ali eu consegui entender e achei muito legal. Consegui entender que tem muitas pessoas iguais a mim que querem estar aqui, e eu consigo espelhar elas, consigo mostrar que é possível. Pessoas pobres, também, que vieram da Baixada. Isso é representatividade. Quando eu comecei a entender o sentido da palavra, virou uma das minhas palavras favoritas.”
Hoje com 22 anos, Marcos ocupa uma posição ímpar. Defende as cores de uma das maiores organizações de Esports do Brasil e do mundo, movimentando uma legião de fãs. Mas não deixou de ser o *Nem*, apelido que ganhou na infância quando cresceu “e não podia mais ser chamado de ‘neném’”. Fiel às raízes, é bastante apegado à família, e seu maior sonho é ter uma situação financeira que o permita dar uma casa aos pais e também ter uma vida confortável. Cria da Baixada Fluminense, mas morador de São Paulo por conta da profissão, os principais amigos de Marcos estão no cenário de League of Legends, mais precisamente em seu time. Mora junto com Matheus Rossini, o dyNquedo, e isso ajudou a estreitar ainda mais os laços entre os dois. “A gente já tinha uma amizade muito forte, mas acho que agora a gente conversa mais coisas mesmo sobre a vida, sobre o futuro, a gente tem essa liberdade pra conversar, acho legal. Dentro de um time é difícil, sabe? Às vezes, se você fala que está se sentindo mal para algum companheiro, isso pode afetá-lo negativamente. Ele pode pensar *‘pô, o cara tá mal’*, isso pode deixar ele mal também. Mas quando você tem essa liberdade pra falar, o outro quer te entender, acho que fica mais tranquilo.”
Cresceu em um lar com uma forte presença feminina, sendo o irmão do meio entre Lorrany e Juliana, filho da Fernanda. O pai, também Marcos, sua principal referência e ídolo, trabalha como caminhoneiro, então existem períodos em que fica mais fora de casa, não conseguindo retornar sempre para perto da família. É claro que a saudade bate. Longe de casa há alguns anos, morando em São Paulo para competir, Marcos começou a valorizar ainda mais os momentos em que consegue estar junto dos seus. Ali é seu refúgio. “Quando tô lá, é meu momento de paz, eu deixo de ser o Cariok, passo a ser só o Marcos, o filho. Eu fico lá a toa, claro que eu ajudo minha mãe, mas gosto de ficar lá sem fazer nada, não mexer muito na internet, ficar assistindo algum filme, alguma novela com elas. [...] Quando a gente tá junto, quando a gente tá unido, é sempre muito bom, é sempre uma alegria, e sinto que a gente passou a valorizar mais esses momentos agora que a gente tá longe. [...] A gente gosta muito de estar unido, e eu sinto que isso é um privilégio em certo ponto. Porque sei que muita gente não tem a família unida, então é algo que eu valorizo muito, e fico muito feliz de a gente ser assim. O tempo fez muito bem pra gente pra gente dar valor uns aos outros, e saber que independente de tudo, eles sempre vão estar ali. A sua carreira pode ser um pouco incerta, você pode ter algumas coisas que são incertas na vida, mas a sua família é sua única certeza.”
Este ano em específico, CarioK precisou do suporte. Sempre visto com um sorriso no rosto, guardava sentimentos de dúvida e sofria de ansiedade. Foi graças à terapia que conseguiu lidar melhor com suas questões, ser (ainda) mais resiliente e ter, como mesmo descreveu, uma maior força mental, com suas habilidades emocionais mais bem desenvolvidas. Entendeu, também, que não é possível estar bem sempre. Haverá momentos de baixa, e sabe que pode contar com os seus quando eles vierem. Tem em sua namorada, Letícia Branco, o seu “porto seguro”, como ele mesmo descreve: “Eu nunca fui de sentir muito comentário, hate, mas esse ano teve uma época que comecei a duvidar de mim, tá ligado? Pensar *‘pô, mano, eu tô fazendo a coisa certa? Será que eu tô perdendo tempo? O que que eu tô fazendo?’*, eu comecei a me botar muito pra baixo. Acho que ela foi essencial pra conseguir me tirar de lá. Ela me indicou muito a fazer terapia, então eu sinto que muitas das coisas que eu conquistei, do jeito que eu tô agora, eu devo a ela.” Além da namorada e da família, CarioK tem uma ligação muito forte com seu time. E poderia ser diferente? Chegou à paiN Gaming de forma inusitada. Contratado para ser reserva, ou no mínimo dividir posição com Wiz, Cariok assumiu o manto de titular após o jogador coreano não poder retornar ao Brasil, por conta da pandemia do COVID-19. Agarrou a oportunidade em um time recheado de estrelas e, com os anos, foi de novato a veterano no elenco, sendo hoje o jogador há mais tempo no elenco dos tradicionais. Mais do que ninguém, sabe o peso de vencer. Sabe o quão importante é conquistar este título agora. Sob o formato atual do CBLOL, na era das parcerias de longo prazo, jogou três finais e venceu uma. No total, com a decisão do próximo sábado, são seis finais em oito Etapas disputadas de CBLOL. Uma marca impressionante para qualquer atleta profissional. Por sua família que o criou e o ama, por sua namorada que está sempre ao seu lado, pela organização que o deu a oportunidade de uma carreira, pelo time que ajudou a desenvolver ao longo dos anos, pela torcida que o apoia nos momentos bons e ruins, e principalmente por si mesmo, aquele Marcos que cresceu cheio de sonhos, o *Nem* de Belford Roxo, CarioK *precisa* erguer o troféu no dia 9 de setembro. “Acho que no momento, se pudesse falar meu maior sonho, seria ganhar este CBLOL. Acho que seria uma realização, sei lá, do nível… Sério, seria incrível pra mim. É no mesmo pique de sei lá, ser astronauta. Nesse nível, se fosse comparar os sonhos. Porque, mano, é algo que eu tô pensando há tanto tempo, desejando há tanto tempo… Eu nem consigo pensar além. Claro que eu quero jogar bem no Worlds, eu tenho o sonho de enfrentar jogadores que eu admiro, Kanavi, Canyon, e um dia ganhar deles, quem sabe, jogar lá fora, esses são uns dos sonhos, umas das metas, mas quando você fala de sonho, assim, querer realizar algo, acho que a primeira coisa que vem em mente é esse título agora.”
A pressão existe, e CarioK a sente, mas também a abraça. Sabe tudo o que está em jogo, e quer seguir sem arrependimentos. Tendo o pai como maior ídolo e referência máxima, sabe que não vai ser fácil, mas que é um passo a mais que tem que dar, de cabeça erguida, agradecendo e sem reclamar, sem tirar o sorriso do rosto, assim como o pai faz. “Acho que essa resiliência que eu tenho pode ter vindo dele mesmo, porque foi algo que eu sempre admirei nele, mas nunca vi em mim. Eu passei por muita coisa. Não é fácil. Eu deixo muito a impressão que é fácil, ou que não ligo, porque eu não reclamo, mas tem horas que dá um aperto. É muito das coisas que ele me ensinou da vida. [...] Olhando agora, nunca tinha parado pra olhar, mas acho que sim. Eu tô me tornando o cara que eu quero ser, que é igual a ele.” *Nem*, CarioK, Marcos Santos de Oliveira *Júnior*. Estes três personagens se misturam e criam um homem só. Um homem forte, mas gentil. Resiliente, mas que entende a importância de ter seus momentos de vulnerabilidade. Um homem endurecido pelas derrotas, pronto para saborear a vitória. Ele chega pronto ao Recife. Independente do resultado, deixará sua alma no palco. “Tô encarando muito como sendo a última vez, não de uma forma negativa, mas de que quero tentar tudo de mim. É o meu foco. Além do título, é isso.”
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